Enquanto não há net...

Olá Olá!Obrigado a todos os que se lembraram de mim, fui recebendo as mensagens, e-mails e chamadas ao longo do dia, e foi óptimo falar para Portugal um bocadinho que fosse. Um obrigado especial ao Becos pelo e-mail, podias ter colocado nos comentários ao blog que não tinha problema =).Por aqui vamos indo, com bastante trabalho mas também algum tempo para fazer outras actividades. Na 5ª feira à tarde fomos jogar futebol para um campo de 5 perto de casa. Estava lá uma equipa de raparigas a treinar, e pusemo-nos a fazer jogo com elas. Foi fixe porque mesmo depois de ter ficado noite aquilo tem holofotes, deu para jogar até às 18:30. Elas treinam às terças e quintas, próxima terça estamos lá batidos outra vez. Ah e para os curiosos, ganhámos por uns 15-2… mas elas também já estavam a treinar desde as 15:30.Ontem o dia foi em cheio. De manhã fomos para a Cruz Vermelha Moçambicana, no seu centro de trabalho em Xipamanine. Xipamanine é um bairro nos arredores de Maputo com elevada densidade populacional, onde as casas são maioritariamente barracões, todos andam a pé ou de chapa e vivem daquilo que produzem e vendem. Não é por isso de estranhar o mercado enorme que existe à entrada do bairro, onde se vende tudo, desde roupas, alimentos e cerâmica, a produtos mais duvidosos para bruxarias e importados dos EUA (ainda não percebi como é que aquilo vai lá parar, mas se quiserem uns óculos escuros oficiais da Adidas, é só virem a Xipamanine. Fomos na carrinha de caixa aberta da CVM, 2 junto do condutor e 6 pendurados lá atrás, foi óptimo, mas ao que parece vamos passar a ir numa carrinha com 3 lugares à frente e bancos corridos atrás, tipo carro dos presos, também da CVM. Lá não é aconselhável ir sozinho a pé nem de carro sem alguém que não conheça bem a zona. Um dia mais tarde faço um filme do percurso, que só visto mesmo para acreditar.O Centro fica quase no fim do bairro (para os mais dentro do assunto, mesmo lá no gueto!), onde só passam jipes ou carros com donos aventureiros, pois a terra batida tem muitos buracos, e para além dos buracos, tem saliências de tal forma que nos faz parecer estarmos a andar no Dacar a passar dunas. Dentro do centro da CVM encontramos crianças dos 6 aos 17 anos, que andam desde a 1ª à 10ª classe, os do 11º e 12º andam em cursos profissionais e só aparecem por lá ao fim da tarde e raramente, pois os institutos ficam em Maputo e longe da CVM. Ontem estive com eles a aprender músicas, a dançar, tocar batuques, enquanto que outros estiveram a fazer bonecas de trapos, missangas e a ajudar nas explicações. Depois, e como nós levámos uma bola de futebol novinha, levaram-me e ao meu colega António para o meio do bairro, onde há uma praça enorme com um campo de futebol pelado. Senti-me o próprio Eusébio, a jogar ali no meio da criançada descalça, onde o campo é constituído por 2 balizas e muitas areia e terra para correr atrás da bola. É claro que não joguei tão bem como o Eusébio, mas a minha equipa (Eu, Obadias, Júlio, Edson e João) ganhou todos os jogos (eram equipas de 5 e ia saindo a que perdia). O caminho do centro para o campo e de volta é arrepiante. São 5 minutos a andar por ruas estreitas, marcadas pelo esgoto que passa pelo meio e que nos obriga a ir junto às paredes das casas e a saltar de um lado para o outro do esgoto a céu aberto cada vez que o esgoto chega à parede da casa ou que deixa a terra tão lamacenta que os pés enterram. Pelo caminho vimos um rato morto e as doenças e vírus a passearem pelo esgoto. Mas este ambiente não desanima as crianças que são muito alegres e divertidas, com muita vontade de aprender e que nos vêm como os “Titios” que vão lá para lhes ajudar a crescer. Ainda não sei bem a letra das músicas, mas depois ponho aqui para vocês verem como são giras.Com um jogo na 5ª ao fim da tarde e outro na 6ª de manhã, dormi um bocado depois do almoço de 6ª feira, fomos jantar ao Clube do Professor (restaurante perto aqui de casa e que se torna cada vez mais ponto de referência das nossas refeições), e fomos sair para o Coconuts, a maior discoteca em Moçambique com música “ocidental”. Apesar de ser música ocidental, 95% das pessoas eram negros. Quando chegámos estava um fila enorme para entrar, porque é preciso ter nome na lista, mas fomos pelas traseiras, falámos com um segurança e ele meteu-nos lá dentro e ainda deixou 3 raparigas não pagarem. Entrada 10€, com 8 € em bebidas. O espaço é brutal, desde uma pista enorme para dança, segundo andar para descansar um pouco com mesas e sofás, um não sei quantos de plasmas e colunas, espaço ao ar livre com piscina, espaço para grelhados, bilhar e matraquilhos, e uma zona lounge para os mais calmos que preferem ficar no bar à conversa. Ficámos até às 5 sempre a bombar, a cada hora entrava um DJ diferente. Quando tiver tempo ponho aqui algumas das músicas que ouvimos ontem.Hoje de manha tive que lavar a roupa toda que estava por lavar desde que a Elisa me lavou algumas peças ainda na casa do João e da Rosa. Demorei algum tempo mas pus muita roupa em dia. Vale de muito a experiência adquirida nos Kandandus e no Caminho de Santiago, despachei a roupa no tanque em meia hora. Mas todo este exercício (futebol, Cocos e lava-roupa) tem-me feito muito bem, aliado à frutinha de manhã, acho que estou a ficar magricela outra vez. Logo à noite vamos a uma festa contra a xenofobia na Baixa, junto à feira popular. Espero que consiga por este post antes de ir, porque estou outra vez a escrever no Word e à espera que o vizinho ligue o wireless.Hoje é 5 de Julho de 2008, uma data para não esquecer! Ainda não consegui responder às perguntas nos comentários porque não dá para ler com tempo. Durante a próxima semana já devemos ter Internet, a Visabeira já está a tratar do assunto, mas ao que parece aqui também não se trabalha ao sábado e domingo (como seria de esperar). As fotos da casa vão ter que esperar mais uns dias… Beijinhos e abraços para todos, em especial para ti!Estamos Juntos
GUI =)